Sempre gostei de usar
saltos. Fazem com que qualquer mulher se sinta irresistível, poderosa e
confiante. Quando saíamos, usava saltos para poder estar quase da tua altura.
Normalmente, de botas ou sabrinas, tinha de me pôr em bicos de pés para te
poder beijar. Mas de saltos, não. De saltos bastava inclinar-me. O mundo era
tão melhor na vista de cima. Quase sempre, na brincadeira – ou talvez não.. a
brincar dizem-se as verdades – dizia-te que assim conseguia estar à tua altura.
Mas no meu pensamento, essa altura não se media em centímetros. Media-se em
atitudes. Muitas vezes eras rude para mim, mas eu tratava isso como um caso
isolado porque algo corria da maneira que não querias e inconscientemente, isso
refletia-se na nossa relação. E tinha na minha cabeça que, se estivesse à tua
altura em centímetros, me tratarias de igual para igual.
Será possível teres
escondido por tanto tempo o teu verdadeiro eu? Ou será que fui eu que fui cega
demais para não querer ver aquilo que estava mesmo à minha frente?
Não sei, só sei que
choro por ti, se alguém te menciona. Acredita, choro só de pensar em ti.
Quem quero eu enganar? Enquanto escrevo este texto, as lágrimas correm sem
destino.
Mas sabes, não sei
verdadeiramente onde está a pessoa por quem choro. Essa, não está em ti. E se
estiver, está escondida há muito tempo. Esse teu eu que eu conheci no Verão,
era divertido, confiante, persistente, paciente. Tudo qualidades que deixei de
ver em ti, mas ainda assim, tinha esperança de voltar a ver.
Desde que começamos o
namoro e até acabarmos, disse que gostava de ti duas vezes. Tinha tanto medo da
tua reacção, mas mesmo assim fui avante. De ti, ouvi-me um duro e frio “acho
que ainda é muito cedo para isso”. Nessa mesma altura, tivemos a nossa primeira
grande discussão mas depois, por mensagens, disseste-me “Não penses que és só tu que queres estar
comigo. Eu também quero estar contigo. Eu sei que gosto de ti mas o meu passado
recente diz-me para não dizer. Foram umas palavras que me ficaram algo caras de
dizer. Mas já há algum tempo que penso nisso … Acredita que mudei muito contigo
mas há coisas que são mais difíceis e que demoram mais tempo. Se quiseres
gastar esse tempo em mim, acho que se vai tornar numa coisa bonita, o que
temos. …. Gosto de ti e quero fazer muito para te agradar. É pena não podermos
fazer tudo mas podemos chegar lá.”
A segunda vez que disse
que gostava de ti foi no dia dos Namorados. Antes que pudesse pensar, a minha
boca abriu-se e as palavras saíram em segredo. “O que é que disseste?” e eu
repeti em segredo “gosto muito de ti” e tu respondeste “também gosto muito de
ti”. Nessa noite, senti tanta felicidade, como se todas as estrelas se tivessem
alinhado no céu e fosse a nossa vez de ser feliz, a minha vez de ser feliz com
alguém verdadeiro a meu lado.
Agora eu pergunto…
Será que com o teu
velho eu foram essas promessas? Acredito piamente que sim.
Tu já não és o homem
que me fez tais promessas, o homem que disse que gostava de mim,
muito menos o homem por quem me apaixonei.
Hoje choro, mas não
porque sou fraca, mas sim porque fui forte por muito tempo.
Hoje a minha alma
chora, por alguém que ou já não está cá ou nunca existiu.
Por agora, resta-me
chorar, pensar em ti, tentar lembrar-me de como sorrias para mim, dos teus
beijos, de como me abraçavas, de me encostar ao teu peito e ouvir o bater do teu coração…
Até ao dia em que me
começar a esquecer dos pequenos detalhes, como o cheiro do perfume no teu
pescoço, até aos grandes pormenores, como o dia, ou melhor, a noite em que me roubaste
um beijo e nas horas que se seguiram, onde ficamos na Marina de Portimão,
abraçados a ver o sol nascer numa manhã fria de Verão.
Pouco a pouco, sairás do meu coração e da minha cabeça da mesma maneira que entraste, devagarinho e sem eu dar conta.
Até lá, quem é que já não sofreu por amor? ;)
Ps: Ia confessar-te isto, mas nesse mesmo dia acabaste tudo, por isso fica aqui registado: acho que te amo... E agora tenho de aprender a viver com isso e a viver sem ti.
- xo ♥